sábado, 5 de janeiro de 2013

Vejo teu sangue 
Ele
d e l i c i o s a m e n t e 
escorre
Lento e grosso
Faz minha saliva brotar
Provo-te
Sal e prazer misturados

Minha língua passeia
Nesse fino rio
Não tenho pressa
Ver a vida te esvair me apraz

Vejo teu sangue
Sinto o odor da morte
Que te ronda
Aguardando

Venha, companheira
Este presente 
Pelo qual suspiramos
É chegado

Vejo teu sangue
E apenas sorrio
Aguardamos, eu e ela
A última gota cair



quarta-feira, 21 de março de 2012

Andrajos

Retirei tudo
limpei minha casa e minh'alma.
Agarrado a mim, como visgo que enoja.
Ânsia que não me abandona.

Ei de vê-lo
rastejante
maltrapilho
humilhado
mendigo
desgraçado
e acharei graça com todo meu ódio.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Deveria ter te matado quando pude
Sorveria teu sangue, gota a gota
Sem pena, sem remorso.

Deixei escapar tantas chances
olhava-te dormir, inocente ao meu lado.
Mataria e agora estaria sorrindo e satisfeita.
Mas deixe-me em paz.

O ódio que me consome é visceral.
Ainda verei-te vivo
para ter o prezer de fazê-lo morto.

Ainda tenho que pensar
pois não sei quantas facadas seriam suficientes
para satisfazer minha alma...

Ódio é o único pensamento.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Velório


Minha garganta queima
ou é a revolta que teima em sair do peito?
Quantas palavras engolidas
frases não ditas
vem agora num refluxo negro.

Ânsia infinda
a torturar-me os órgãos.
Olho-te na noite. Apenas dormes.
Imagens sangrentas povoam minha mente.
E eu? Apenas olho-te.

Velo teu sono
até o amanhecer.
Até o dia que não amanheceres.

Sem despedidas


Sons embaçados da minha mente
confundidos com descompassados ecos.
Quanto ainda doerá meu peito até que
minh'alma abandone este sepulcro andante?

Não desejo a morte, mas o silêncio que ela proporciona.
A simplicidade da sua chegada... apenas uma brisa.
Retorno ao nada, simplesmente.
Sem lágrimas, sem soluços, sem dor.

Abandono ao qual me entregarei, sem remorso.
Flutuar no abismo da queda sem fim.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011


O sono não acompanha a noite.
Seguindo pelas vielas
apenas a insônia a respirar
o ar da madrugada.

Caminho ao teu lado,
doce companheira.
Vamos juntas em busca da loucura.

Minha mente em visões lancinantes
busca incessantemente afastar-me da luz.
Sim, a treva me acompanha e me protege.
Nela encontro moradia.

A escuridão: minha natureza.